quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Sabedoria dos Para-Choques


Quem nunca, ao dirigir pelas BR’s e rodovias da vida, ou mesmo no centro da cidade, se deparou com um caminhão na sua frente trazendo no para-choque frases como: “A vida é um barato, o pobre é que acha caro”; “Ame sua Pátria! Ela não tem culpa dos filhos que tem”; “Cabelo ruim é que nem assaltante…ou tá armado ou tá preso”.
Provavelmente, por alguns segundos, estas frases te fizeram rir ou filosofar, não é verdade ?
Pois é, quem será que foi o gênio que teve a ideia de usar aquele espaço para promover um dos maiores meios de promoção literária, filosófica e popular ?
Sim, as frases são curtas, mas em sua maioria conseguem trazer em pouquíssimas palavras, um baú de conhecimento e filosofia de vida.


Interessante que hoje, na era do MSN e Twitter, a mesma estratégia é usada em legendas e frases de status, ou nos limitados 140 caracteres dos twitteiros.
Os caminhoneiros, geralmente solitários, provavelmente tenham desenvolvido a sensibilidade para criar as famosas frases curtas, com seus jogos de palavras e mensagens diretas e criativas – sem esquecer, claro, do humor característico da maioria delas.


“60 num bar, 70 sair 100 pagar, aí mando a polícia 20 buscar.”


Alguns tentam colocar um pouco de suas prováveis experiências:
“Casamento não é bom. O diabo não se casou e Jesus morreu solteiro.”
“Existo porque insisto”
“Não me siga, estou perdido”


Segundo Santos Coloda, autor do livro “A Sabedoria dos Para-Choques”, os para-choques clássicos jamais morreriam, dizendo: “O para-choques é o espaço que o motorista tinha para dizer ao mundo o que pensa.”





Concordo também com o autor. Como forma de desabafo, de escracho ou seja lá qual for o motivo, os caminhoneiros provam que na literatura e na comunicação, o mais importante é sempre a mensagem passada, o sentimento. Talvez por  isso muitos escritores não são entendidos ou não fazem sucesso, por esquecerem a simplicidade, e se perdem em palavras catadas de dicionários e linguagens copiadas de outras épocas.


Fiquem mais com a sabedoria dos caminhoneiros.





By: Diego Mello

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